A expressão “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc
12:31), aparece 8
vezes na Bíblia, e foi citada pela primeira vez em Levítico 19:9-18. Dentro desse contexto, o Senhor estava dando uma
série de instruções para Seu povo no que diz respeito ao relacionamento e
tratamento para com o próximo. O verso
18 diz: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos
do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
A ideia expressa aqui pelo Senhor é mais bem
interpretada como “Ame o próximo como você se ama.” Amar-se a si mesmo é
próprio da natureza humana. O apóstolo Paulo escreveu aos Efésios 5.28-29 “Assim também os
maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si
mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a
alimenta e dela cuida…”
Maridos devem amar suas esposas como se amam, assim
como devemos amar o próximo como nos amamos, cuidamos de nós, visto que sabemos
o que é melhor para o nosso eu. O mesmo princípio se aplica em Mateus 7:12,
“tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles;
porque esta é a Lei e os Profetas”.
O Senhor citou Levítico 19:18 em 2 ocasiões:
Uma delas aconteceu quando um jovem rico o abordou
querendo saber o que poderia fazer (esforço próprio) para ganhar a vida eterna
(Mt 19.16-22). Entre as
“observações” que Jesus considerou, constava “ame o próximo como a ti mesmo”.
Vemos no desfecho desta história que, embora o jovem afirmasse que cumpria
isto, ele de fato não amava o próximo como se amava.
A segunda foi quando um intérprete da Lei
questionou Jesus sobre qual era o maior mandamento. “Respondeu Jesus: O
principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o
teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” Mc 12.28-31.
Numa situação semelhante a esta, Jesus fez com que
o escriba respondesse sua própria pergunta (Lucas 10.27). É neste contexto que Jesus ensina a seus ouvintes
quem é o nosso próximo, contando-lhes a parábola do samaritano. Não estava
ensinando que devemos primeiro nos amar para poder amar os outros.
Em 2 Timóteo
3:2 “Os homens se
tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais,
ingratos, malvados”, temos a única aparição da palavra EGOÍSTA (do grego philautos), que significa aquele que ama a si
mesmo; bem atento aos próprios interesses.
O salmista escreve em Salmos 8:3-5: “Quando
contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste
que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites?
Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o
coroaste”.
Primeiro, o salmista reconhece nossa insignificância
e pequenez diante da grandeza do universo e em seguida admira-se com o cuidado
de Deus por seres tão pequenos como nós. Se buscarmos nossa própria glória,
deixamos de honrar o nosso criador exaltando o nosso ego; mas quando reconhecemos
e aceitamos a posição que o Senhor nos colocou, então glorificamos o Seu Nome.
Ao invés de incentivar o amor próprio, Jesus convida
aqueles que querem segui-lo a negarem-se a si mesmo, tomarem sua cruz e
segui-lo.
Aqui o amor próprio começa entrar em conflito com o
amor ágape. Se ágape é
um amor incondicional não pode estar se referindo a mim mesmo, mas ao próximo.
Precisamos entender que ágape é
altruísta, enquanto que philautos é egoísta.
Em 1
Coríntios 13, o apóstolo Paulo escreve, a melhor definição de amor (ágape) que conhecemos.
Em João 13,
no contexto da última ceia, Jesus muda o referencial de amor ao próximo quando
diz a seus discípulos: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos
outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos
outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros” João 13.34-35.
O referencial não se baseia mais em nossa frágil e
egoísta natureza humana, mas no amor do próprio Senhor.
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro”. 1 João 4:19, nos ensina que nós amamos porque
ele nos amou primeiro, e não porque me amo. Devemos amar como Ele nos amou:
Servindo, perdoando, incondicionalmente.
A velha Lei
dizia: Ame o próximo do jeito que você se ama. E a Graça diz: Ame ao próximo como Cristo nos amou.
Se amar o próximo como
nós nos amamos já é difícil, quanto mais amar como Cristo nos amou! Se depender de nós, é impossível.
Por isso Deus nos deu o Seu Espírito. Conforme permitimos, veremos o fruto
deste Espírito crescendo em nós, abrochando amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Amém
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