domingo, 6 de setembro de 2020

*5º Parte do Estudo – O Senhor autoriza Satanás a provar Jó*

“Assim como foi nos Tempos de Noé será a vinda do Filho do Homem”.

Existe um cenário no céu onde seres celestiais comparecem diante do Senhor e entre eles a figura de Satanás. Nessa reunião o Senhor autoriza Satanás a provar Jó (Jó 1:6-12).

Vamos aprender o que aconteceu nessa corte celestial, qual foi o diálogo entre seus interlocutores, qual o assunto tratado.

Um dos temas principais de Jó é a redenção (Jó 19:25).  O Senhor se apresenta a Jó como Yahweh, que se origina do verbo hebraico SER, que de acordo com Êx 3:12-16 sempre esteve intimamente ligado ao povo judeu, como o Deus da aliança, porém já era conhecido desse modo por Jó, que nem sequer figurava na genealogia de Abraão e Sara.

O Livro de Jó é o primeiro da Bíblia a mencionar o nome Satanás (Satan) antecedido de um artigo definido (O Satanás = O Adversário), identificando um ser real, assim como em Zacarias 3:1-2. No texto de 1 Cr 21:1, ele não aparece antecedido do artigo definido, pelo que aí a palavra hebraica satan poderia ser traduzida por um adversário (Sl 109:6).

Satanás, era conhecido por Lúcifer e por opor-se a Deus e aos Seus propósitos, é que ele veio a ser denominado de Satanás (adversário, inimigo).

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Os textos básicos que nos revelam a pessoa de Satanás são Ez 28:11 e Is 14:4, que respectivamente nos apresentam o rei de Tiro e o rei de Babilônia como figuras de Satanás.

Nos primórdios da criação, Lúcifer era o sinete (o selo; o aferidor) da perfeição (Ez 28:12). Ele foi estabelecido querubim da guarda ungido (v.14), zelando pela santidade do trono de Deus. Ele era perfeito em todos os seus caminhos, até que se achou iniquidade nele (v.15).

Ele pecou quando o seu interior encheu-se de violência na multiplicação de seu comércio (v.16), bem como quando seu coração se elevou por causa de sua formosura (v.17). Ele começou a estimar o seu coração como se fosse o de Deus (v.6), e essa sua soberba (Is 14:11) fê-lo achar-se digno e merecedor da glória ambicionada – mas que só a Deus pertencia – que isso o levou a dizer em seu coração: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao altíssimo” (Is 14:13-14).

Foi-lhe tirada a sua posição de querubim (Ez 18:14) e o privilégio de ministrar a Deus em seu Santo Monte (Ez 18:14 e 16). Em face a dureza de seu coração, Lúcifer não se arrependeu, e passou a acusar a Deus diante de suas criaturas.

Por ocasião da criação do homem, Satanás induziu o homem a cometer o mesmo pecado que ele próprio cometera no princípio, o de querer ser igual a Deus (Gn 3:5). Por essa razão, Deus amaldiçoou a Satanás (Gn 3:14), contudo ao homem, apenas o disciplinou e prometeu um descendente redentor (Gn 3:15).

Na cruz, ao mesmo tempo que o homem era redimido segundo a promessa de Gn 3.15,

Satanás era julgado por causa da multidão de suas iniquidades (Hb 2:14, Jo 16:11, Cl 2:14-15).

Ele foi julgado na cruz, mas a sentença ainda está para ser executada plenamente. Do Trono de Deus ele já havia sido expulso (Ez.18:14, 16), na volta do Senhor serão expulsos dos ares pelo arcanjo Miguel e seus anjos (Ap. 12:7-12) e preso por mil anos (Ap 20:1-3) após ser solto para liderar nova rebelião contra Deus será lançado no lago de fogo e enxofre, de onde jamais sairá (Ap 20:7-10).

O Diabo (Acusador) que acusa o homem diante de Deus e Deus diante do homem, nos é revelada no Livro de Jó, onde Satanás acusa Jó diante de Deus, e depois acusa Deus diante de Jó.

 O assunto do diálogo diante da corte Celestial é Jó!

Revista A Sentinela, N.° 5 2017 | A verdade sobre os anjos

Porque Yahweh iniciou o diálogo justamente com Satanás? Não poderia ser com outro ser, um serafim, um arcanjo, ou um anjo?

Entre Jó e Satanás encontramos as seguintes semelhanças e contrastes pessoais:

a) Jó servia a Yahweh na terra, pois este o chama de meu servo (Jó 1:8). Por outro lado, Satanás chegou a servir a Deus nos céus (Ez 28: 14 e 16).

b) Yahweh disse de Jó que ninguém há na terra semelhante a ele (Jó 1:8), enquanto de Satanás é dito: você era o modelo da perfeição (Ez 28:12).

c) Yahweh também disse de Jó: é integro (tam) (Jó 1:8); e de Satanás se diz: perfeito (tamiym) eras nos teus caminhos (Ez 28:15). Note que tam e tamiym são derivados de uma mesma raiz hebraica (que é o verbo tamam, ser completo). Note ainda que as boas características imputadas a Satanás são expressas por verbos no passado e as de Jó por verbos no presente. Isso nos leva a concluir que Jó, ao tempo do diálogo entre Yahweh e Satanás, era na terra aquilo que Satanás fora nos céus antes de ser achada iniquidade nele.

Jó perde bênçãos de Deus (seus filhos, servos, bens, beleza, saúde, reputação, etc) assim como Satanás (perdeu sua posição de querubim da guarda, ministrador diante do trono de Deus, etc).

Jó também vai perder muitas bênçãos de Deus (seus filhos, seus servos, seus bens, sua beleza, sua saúde, sua reputação, etc). Embora ambos sofressem suas perdas e se revoltassem contra Deus, Jó se arrepende Satanas não.

 A razão de Yahweh ter iniciado o diálogo justamente com Satanás e ter feito de Jó o seu assunto, deve ser encontrada justamente nessas semelhanças e nesses contrastes entre um e outro.

Provável que Satanás se considerasse injustiçado pelas suas perdas, de maneira que ele pudesse sustentar que qualquer um que estivesse no lugar dele se revoltaria e não se reconciliaria de coração com Deus até que fossem restabelecidas as suas perdas.

Diante disso, é que o Senhor deliberadamente tomou a Jó, para demonstrar aos homens da terra, para os anjos dos céus e para o próprio Satanás, que este estava errado em suas queixas contra Deus.

O Senhor vai possibilitar a Satanás, sem que este se dê conta disso, que ele faça com Jó aquilo que ele pensa que Deus fez com ele, uma injustiça. E na ocorrência dessa injustiça, deveria ficar claro diante de todos que, se houve falta de alguém nos conflitos gerados por Satanás desde os primórdios da criação, essa falta deve ser encontrada no

próprio Satanás e não em Deus.

Dentre tantos e tantos lugares do universo para Satanás passear, por que se tornou a terra o lugar predileto dos seus passeios?

Porque aqui está o homem que o Senhor criou à sua semelhança e sobre o qual Ele tem planos eternos.

O Senhor faz duas perguntas a Satanás:

1-Donde vens? (Jó 1:7). Satanás responde essa pergunta com um ar dissimulado: De rodear a terra e passear por ela (1:7).

2-Observaste o meu servo Jó? (Jó 1:8). A tradução literal do texto é: “Tens posto seu coração sobre meu servo Jó”

Yahweh queria induzir Satanás a reconhecer o que se passou no seu próprio coração quando contemplou a Jó “Porque ninguém havia na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1:8).

Satanás, porém, lança dúvidas (v.9), a tradução literal é: “Jó por nada (chinnam) teme a Deus?” Ele queria dizer que havia uma razão, havia um motivo, para Jó temer a Deus, pelo que acusa a Jó de ser interesseiro e materialista (v.3) e acusa falha no caráter de Deus (v.10). O Senhor é acusado de subornar Jó com bênçãos para obter o seu temor. Satanás sutilmente estava dizendo: “Eles amam o que você tem, o que você tem para lhes dar, pois eles amam as suas bênçãos. Isto não é puro amor, mas puro interesse pessoal”.

Satanás, logo depois de fazer sua acusação, propõe-se comprovar suas alegações (v.11) e o Senhor aceita o desafio. Porém o proibiu de fazer mal a Jó (v.12)

Não tendo o que acusar na conduta exterior de Jó, Satanás acusa a sua motivação interior, contudo é no coração deste último que a iniquidade encontrou lugar.

Satanás considera que aquilo que Jó aparenta ser exteriormente não corresponde ao que ele é no seu coração.

O verso 11 ainda nos revela outra coisa: Satanás induz o Senhor a fazer o que é mal, porém por fim ele próprio tocar em tudo quanto tinha Jó (1:12).

Satanás afirma enfaticamente que Jó irá blasfemar contra Deus (1:11), porém é satanás que tem blasfemado contra Deus.

Com tudo isso, Satanás acha que da próxima vez que Jó comparecer diante da face de Yahweh será para blasfemar, porém, quando o faz é para interceder por seus três amigos que tinham pecado contra ele (42:8-9).

Bibliografia

www.discipulosdeemaus.com.br

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