“Assim como foi nos Tempos de Noé será a vinda do Filho do Homem”.
Existe um cenário no céu onde
seres celestiais comparecem diante do Senhor e entre eles a figura de Satanás.
Nessa reunião o Senhor autoriza Satanás a provar Jó (Jó 1:6-12).
Vamos aprender o que aconteceu
nessa corte celestial, qual foi o diálogo entre seus interlocutores, qual o assunto
tratado.
Um dos temas principais de Jó
é a redenção (Jó 19:25). O Senhor se
apresenta a Jó como Yahweh, que se origina do verbo hebraico SER, que de acordo
com Êx 3:12-16 sempre esteve intimamente ligado ao povo judeu, como o Deus da
aliança, porém já era conhecido desse modo por Jó, que nem sequer figurava na genealogia
de Abraão e Sara.
O Livro de Jó é o primeiro da
Bíblia a mencionar o nome Satanás (Satan) antecedido de um artigo definido (O
Satanás = O Adversário), identificando um ser real, assim como em Zacarias 3:1-2.
No texto de 1 Cr 21:1, ele não aparece antecedido do artigo definido, pelo que
aí a palavra hebraica satan poderia ser traduzida por um adversário (Sl 109:6).
Satanás, era conhecido por
Lúcifer e por opor-se a Deus e aos Seus propósitos, é que ele veio a ser
denominado de Satanás (adversário, inimigo).
Os textos básicos que nos
revelam a pessoa de Satanás são Ez 28:11 e Is 14:4, que respectivamente nos
apresentam o rei de Tiro e o rei de Babilônia como figuras de Satanás.
Nos primórdios da criação,
Lúcifer era o sinete (o selo; o aferidor) da perfeição (Ez 28:12). Ele foi
estabelecido querubim da guarda ungido (v.14), zelando pela santidade do trono
de Deus. Ele era perfeito em todos os seus caminhos, até que se achou
iniquidade nele (v.15).
Ele pecou quando o seu
interior encheu-se de violência na multiplicação de seu comércio (v.16), bem
como quando seu coração se elevou por causa de sua formosura (v.17). Ele
começou a estimar o seu coração como se fosse o de Deus (v.6), e essa sua
soberba (Is 14:11) fê-lo achar-se digno e merecedor da glória ambicionada – mas
que só a Deus pertencia – que isso o levou a dizer em seu coração: “Eu subirei
ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação
me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao altíssimo” (Is 14:13-14).
Foi-lhe tirada a sua posição
de querubim (Ez 18:14) e o privilégio de ministrar a Deus em seu Santo Monte
(Ez 18:14 e 16). Em face a dureza de seu coração, Lúcifer não se arrependeu, e
passou a acusar a Deus diante de suas criaturas.
Por ocasião da criação do
homem, Satanás induziu o homem a cometer o mesmo pecado que ele próprio
cometera no princípio, o de querer ser igual a Deus (Gn 3:5). Por essa razão,
Deus amaldiçoou a Satanás (Gn 3:14), contudo ao homem, apenas o disciplinou e prometeu
um descendente redentor (Gn 3:15).
Na cruz, ao mesmo tempo que o
homem era redimido segundo a promessa de Gn 3.15,
Satanás era julgado por causa
da multidão de suas iniquidades (Hb 2:14, Jo 16:11, Cl 2:14-15).
Ele foi julgado na cruz, mas a
sentença ainda está para ser executada plenamente. Do Trono de Deus ele já
havia sido expulso (Ez.18:14, 16), na volta do Senhor serão expulsos dos ares pelo
arcanjo Miguel e seus anjos (Ap. 12:7-12) e preso por mil anos (Ap 20:1-3) após
ser solto para liderar nova rebelião contra Deus será lançado no lago de fogo e
enxofre, de onde jamais sairá (Ap 20:7-10).
O Diabo (Acusador) que acusa o
homem diante de Deus e Deus diante do homem, nos é revelada no Livro de Jó, onde
Satanás acusa Jó diante de Deus, e depois acusa Deus diante de Jó.
Porque Yahweh
iniciou o diálogo justamente com Satanás? Não poderia ser com outro ser, um
serafim, um arcanjo, ou um anjo?
Entre Jó e
Satanás encontramos as seguintes semelhanças e contrastes pessoais:
a) Jó servia a Yahweh na terra, pois este o chama de meu servo
(Jó 1:8). Por outro lado, Satanás chegou a servir a Deus nos céus (Ez 28: 14 e
16).
b) Yahweh disse de Jó que ninguém há na terra semelhante a ele
(Jó 1:8), enquanto de Satanás é dito: você era o modelo da perfeição (Ez
28:12).
c) Yahweh também disse de Jó: é integro (tam) (Jó 1:8); e de
Satanás se diz: perfeito (tamiym) eras nos teus caminhos (Ez 28:15). Note que
tam e tamiym são derivados de uma mesma raiz hebraica (que é o verbo tamam, ser
completo). Note ainda que as boas características imputadas a Satanás são
expressas por verbos no passado e as de Jó por verbos no presente. Isso nos
leva a concluir que Jó, ao tempo do diálogo entre Yahweh e Satanás, era na
terra aquilo que Satanás fora nos céus antes de ser achada iniquidade nele.
Jó perde bênçãos
de Deus (seus filhos, servos, bens, beleza, saúde, reputação, etc) assim como Satanás
(perdeu sua posição de querubim da guarda, ministrador diante do trono de Deus,
etc).
Jó também vai
perder muitas bênçãos de Deus (seus filhos, seus servos, seus bens, sua beleza,
sua saúde, sua reputação, etc). Embora ambos sofressem suas perdas e se
revoltassem contra Deus, Jó se arrepende Satanas não.
Provável que
Satanás se considerasse injustiçado pelas suas perdas, de maneira que ele
pudesse sustentar que qualquer um que estivesse no lugar dele se revoltaria e
não se reconciliaria de coração com Deus até que fossem restabelecidas as suas
perdas.
Diante disso,
é que o Senhor deliberadamente tomou a Jó, para demonstrar aos homens da terra,
para os anjos dos céus e para o próprio Satanás, que este estava errado em suas
queixas contra Deus.
O Senhor vai
possibilitar a Satanás, sem que este se dê conta disso, que ele faça com Jó
aquilo que ele pensa que Deus fez com ele, uma injustiça. E na ocorrência dessa
injustiça, deveria ficar claro diante de todos que, se houve falta de alguém
nos conflitos gerados por Satanás desde os primórdios da criação, essa falta
deve ser encontrada no
próprio
Satanás e não em Deus.
Dentre tantos
e tantos lugares do universo para Satanás passear, por que se tornou a terra o
lugar predileto dos seus passeios?
Porque aqui
está o homem que o Senhor criou à sua semelhança e sobre o qual Ele tem planos
eternos.
O Senhor faz duas perguntas a Satanás:
1-Donde vens? (Jó 1:7).
Satanás responde essa pergunta com um ar dissimulado: De rodear a terra e
passear por ela (1:7).
2-Observaste o meu servo Jó?
(Jó 1:8). A tradução literal do texto é: “Tens posto seu coração sobre meu
servo Jó”
Yahweh queria induzir Satanás a reconhecer o que se passou no seu próprio coração quando contemplou a Jó “Porque ninguém havia na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1:8).
Satanás, porém, lança dúvidas
(v.9), a tradução literal é: “Jó por nada (chinnam) teme a Deus?” Ele queria
dizer que havia uma razão, havia um motivo, para Jó temer a Deus, pelo que
acusa a Jó de ser interesseiro e materialista (v.3) e acusa falha no caráter de
Deus (v.10). O Senhor é acusado de subornar Jó com bênçãos para obter o seu
temor. Satanás sutilmente estava dizendo: “Eles amam o que você tem, o que você
tem para lhes dar, pois eles amam as suas bênçãos. Isto não é puro amor, mas
puro interesse pessoal”.
Satanás, logo depois de fazer
sua acusação, propõe-se comprovar suas alegações (v.11) e o Senhor aceita o desafio.
Porém o proibiu de fazer mal a Jó (v.12)
Não tendo o que acusar na
conduta exterior de Jó, Satanás acusa a sua motivação interior, contudo é no
coração deste último que a iniquidade encontrou lugar.
Satanás considera que aquilo
que Jó aparenta ser exteriormente não corresponde ao que ele é no seu coração.
O verso 11 ainda nos revela
outra coisa: Satanás induz o Senhor a fazer o que é mal, porém por fim ele
próprio tocar em tudo quanto tinha Jó (1:12).
Satanás afirma enfaticamente
que Jó irá blasfemar contra Deus (1:11), porém é satanás que tem blasfemado
contra Deus.
Com tudo isso, Satanás acha
que da próxima vez que Jó comparecer diante da face de Yahweh será para blasfemar,
porém, quando o faz é para interceder por seus três amigos que tinham pecado
contra ele (42:8-9).
Bibliografia
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