Antes de criar o homem,
*Deus cercou-se de uma assembléia de seres*, que formaram Sua corte
celestial. Esses seres formaram a platéia que O assistira na criação da Terra e
daquele que seria o Seu regente.
*“Bendizei ao
Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo
à voz da sua palavra! Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos celestiais,
vós, ministros seus, que executais a sua vontade” (Sl.103:20-21)*.
Portanto, eles jamais
podem receber os créditos por alguma de suas obras. Eles tão somente executam o
que o Senhor lhes ordena. Razão pela qual *eles não devem aceitar qualquer
tipo de adoração*. Quando João recebeu a visão registrada em Apocalipse,
ele prostrou-se aos pés do anjo que se lhe apresentara, e foi de imediato
repreendido: *“Olha, não faças isso! Sou conservo
teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro.
Adora a Deus” (Ap.22:9)*.
*Quando enviados a
serviço, tais seres são malakim (malak, no singular), anjos mensageiros de
Yahweh*. Mas quando *assentados na assembléia divina, são
conhecidos como Ben Elohim*, literalmente filhos da divindade. *Só
recebem a designação de filhos de Deus quando vistos em conjunto, integrando a
corte celestial*. Individualmente são apenas ministros de Yahweh.
O termo “mal’ak”
aparece 214 vezes no Antigo Testamento, enquanto “aggelo” aparece 186
vezes no Novo Testamento.
*O único que pode ser
chamado de Filho de Deus é Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus. Os crentes
em Jesus são feitos filhos de Deus, por causa de sua união mística com Ele*.
Os anjos são chamados
filhos de Deus por causa de sua posição elevada na corte celestial, e não por
terem sido gerados por Deus. Eles foram criados, e não gerados. Isso
fica claro em Hebreus, onde lemos a distinção clara entre Cristo e o anjos.
“O Filho é o
resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas
as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação
dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas. Assim ele se
tornou tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome
do que o deles. Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” (Hb.1:3-5)
Não se pode comparar o
Filho Eterno de Deus a qualquer outro ser angelical. Os anjos O adoram! “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl.1:15a). “Ninguém
jamais viu a Deus” (1 Jo.4:12a). Nem mesmo os anjos. Convém
salientar que o verso em que Jesus diz que os anjos nos céus sempre veem a face
do Pai (Mt.18:10), poderia ser traduzido como “sempre estão diante” de Sua
face. A palavra traduzida como “vêem” é “blopo”, que pode significar também
“estar diante de”.
Ele
“habita em luz inacessível” (1 Tm.6:16). Mas é o Seu Unigênito, “quem
o revelou” (Jo.1:18b).
Através da Encarnação,
Deus Se fez visível, tanto aos homens, quanto aos anjos. Paulo chama isso de o “grande
mistério da piedade”: “Aquele que se manifestou em
carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido
no mundo, e recebido acima na glória” (1 Tm.3:16).
Antes da Encarnação, o
Verbo de Deus Se manifestava visivelmente através do que os teólogos chamam de Teofania.
Daí, muitas vezes, encontrarmos a expressão “Anjo do Senhor” (Ou Malak
de Yahweh). Era o único “anjo” que aceitava ser adorado (Juízes 13).
Entretanto Deus jamais se
fez anjo. Tratava-se apenas de uma aparição momentânea. Mas
na Encarnação, Deus Se faz Homem, assumindo não apenas a forma humana, como
também a sua natureza.
Yahweh prometera a
Moisés no Sinai: “Eu envio um anjo adiante de ti,
para te guardar pelo caminho, e te levar ao lugar que te preparei. Guarda-te
diante dele, e ouve a sua voz. Não te rebeles contra ele; ele não perdoará a
vossa rebeldia, pois nele está o meu nome. Mas se diligentemente ouvires a sua
voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e
adversário dos teus adversários. O meu anjo irá adiante de ti” (Êx.23:20-23a).
Como podemos verificar
neste texto, aquele “anjo” era o próprio Cristo, em quem estava o nome
de Yahweh, e que Se manifestava visivelmente numa forma angelical. A voz do
Anjo de Yahweh era a voz do próprio Deus.
E alguns dos filhos de
Israel não apenas ouviram a voz do Senhor, como também O viram de longe. Não em
Sua própria glória, mas numa glória desvanecente: “E
viram o Elohim de Israel. Debaixo dos seus pés havia como que uma calçada de
pedra de safira que se parecia com o céu na sua claridade. Mas Elohim não
estendeu a sua mão contra os escolhidos dos filhos de Israel; eles viram a
Elohim, e comeram e beberam” (Êx.24:10-11).
Nesse texto, podemos
identificar Elohim como uma alusão ao Anjo do Senhor, ou ao conjunto de anjos
que se manifestaram no Monte Sinai. O termo Elohim, muitas vezes é usado
para designar os Bene Elohim (Filhos de Deus/anjos).
É preferível crer que
os filhos de Israel viram mesmo os Bene Elohim, e não propriamente o Anjo de
Yahweh. Pois Este fora visto unicamente por Moisés, em outra ocasião, quando
Lhe pediu: “Rogo-te que me mostres a tua glória”
(Êx.33:18). Ainda assim, Moisés não pôde ver Sua face, mas tão
somente Suas costas. Aquele não era o Deus Pai, mas o Verbo Divino, que em
forma angelical, mostrou-Se a Moisés. A prova disso encontramos ao
avançarmos no texto. “O Senhor desceu numa nuvem e,
pondo-se ali junto a ele, proclamou o nome de Yahweh. Passando o Senhor perante
Moisés, proclamou: Senhor, Senhor Deus misericordioso e compassivo, tardio em
irar-se e grande em beneficência e verdade” (34:5-6). Não faria sentido algum o Senhor clamar a Si mesmo.
Mas se entendemos que Aquele era Cristo, o Filho Eterno de Deus, numa
Teofania angelical, então tudo se encaixa perfeitamente.
Moisés não apenas viu a
glória de Yahweh, mas foi contagiado por ela, de maneira que os filhos de
Israel não podiam fitar seus olhos nele, pois sua face resplandecia.
Reportando-se a esse episódio, Paulo diz que aquela glória era desvanecente,
isto é, passageira (2 Co.3:7).
A glória de Cristo,
manifesta em forma angelical, era uma glória incompleta. Mas a glória que Ele
recebeu do Pai, após a Sua Encarnação, morte e ressurreição, é uma glória
inexcedível, permanente e incomparável. Ele recebeu do Pai a glória que tinha “antes que o mundo existisse” (Jo.17:5b). É essa
glória que Ele promete nos revelar plenamente em Sua Vinda. A glória de Deus só
pode ser plenamente vista “na face de Jesus Cristo”
(2 Co.4:6b), o Deus Encarnado.
Quando chegarmos à
Eternidade, nós não veremos o Pai, o Filho e o Espírito Santo de maneira
distinta. Nós veremos a plenitude de Deus em Cristo. Nós O veremos tal
qual Ele é, de Eternidade em Eternidade. Sua glória é tamanha, que nem mesmo os
Serafins, criaturas mais chegadas ao Trono, podiam fitar-Lhe a face (Is.6).
Quando João avistou Sua face, ele a descreveu “como
o sol, quando resplandece na sua força” (Ap.1:16b).
*Todos os eleitos estão
predestinados a desfrutar da mesma visão!!!*
E o que nos
possibilitará vê-Lo no esplendor de Sua glória? João responde: “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1 Jo.3:2b). Agora mesmo, o Espírito da Glória, que segundo Pedro,
repousa sobre nós, (1 Pedro 4:14) está nos conduzindo em um processo de
transformação, conformando-nos à imagem de Cristo. Paulo diz que somos
transformados de glória em glória (2 Co.3:18).
Continua.........