segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Mórmons creem em Jesus? - John Kulp

A resposta curta, porém incompleta à questão acima, é: depende do que você quer dizer com as palavras "crer" e "Jesus". Sem dúvida muitos mórmons acreditam da mesma forma que muitos nos dias de Jesus acreditavam em Seu nome quando viam os milagres que Ele fazia (João 2:23), e também como aconteceu com Simão, o mago, quando a pregação do reino de Deus em Samaria foi acompanhada de milagres e sinais (Atos 8:5-24). No entanto, uma crença carnal em uma construção intelectual ou religiosa, independente do quanto você fique impressionado pelo poder sobrenatural da Pessoa divina que fornece os blocos para a construção de tal conceito, não pode salvar sua alma do inferno e da ira de Deus.

Thomas Monson, "apóstolo" e presidente de longa data da Igreja Mórmon ("A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias") morreu esta semana aos 90 anos. Em um breve comentário sobre a vida e morte de Monson, o apologista cristão James White escreveu isto: "Deveria trazer profunda tristeza aos nossos corações pensar em quantas vezes ele pronunciou o nome 'Jesus Cristo', e em todas e cada uma delas ele estava se referindo a um personagem de ficção que não existe e nunca existiu. Ah, o impacto que tem a falsa religião!". Não precisamos entrar nas profundezas da falsa doutrina que os Mórmons detêm sobre a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, pois basta dizer que eles não O veem como o Criador incriado de todas as coisas, Aquele que é "o mesmo" eternamente (Salmo 102:27; Hebreus 1 e 13:8).

Todavia, o próprio caráter e significado da fé — ou do ato de crer — também estão em questão. Fiquei perplexo ao encontrar no site Mórmon, onde o próprio ensinamento oficial dos Mórmons tenta distinguir entre várias formas de crença ou confiança em Jesus Cristo, o seguinte texto: "Milhões de pessoas conhecem Jesus Cristo. Seria suficiente saber quem é Jesus e Seu papel no plano do Pai Celestial? Na verdade esse conhecimento é apenas o começo. Compreender e abraçar o papel de Jesus Cristo como Salvador é a chave de toda fé cristã, e exige mais do que ter uma crença teórica de que Ele viveu e realizou grandes coisas. Requer ter a confiança de que Ele realmente foi ressuscitado e que sofreu, não só a morte, mas também a dor espiritual por nossos pecados.". Um aspecto inquietante dessa citação é que ela quase pode ser lida como se tivesse sido dita por um pregador do evangelho. Existe alguma falha nessa afirmação que impediria a salvação de quem a apreende? Vamos explorar um pouco mais o que significa crer no Senhor Jesus Cristo para a salvação e a vida eterna.

Sem dúvida, e antes de tudo, o Jesus em quem é preciso confiar para se ter a vida eterna deve ser aquele revelado nas Sagradas Escrituras, e não pode ser uma falsificação ou uma construção intelectual. Mas, quanto à essência da fé que tem a Cristo como seu objeto, há pregadores cristãos que têm uma visão bastante reducionista do evangelho, apontando para João 3:16 — "quem nele crê" — quase que como uma versão evangélica da "Teoria do Tudo". É certo que qualquer um possa ser salvo ouvindo apenas este versículo em uma mensagem do evangelho, mas para entender o evangelho da graça de Deus e a natureza de "uma fé não fingida" (1 Timóteo 1:5; 2 Timóteo 1:5) exige ter mais ensinamento, tanto do Evangelho de João, quanto da Carta aos Romanos.

Por exemplo, Paulo escreve em Romanos que a justificação exige "fé no Seu sangue", além de fé em Jesus (Romanos 3:24-26). No capítulo 4:24 ele acrescenta a isso a necessidade de crer "naquele [Deus] que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor". E então, em Romanos 10:9, Paulo estipula que a salvação é obtida confessando-se com a boca e crendo "que Deus o ressuscitou dentre os mortos". João 1:12 fala de "receber" aquele que é a Luz, e em João 5:24 o Senhor acrescenta outro pré-requisito para ter a vida eterna: "Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem vida eterna". Além disso, em Efésios 2:8 a fé que é requerida é declarada, não como vinda da própria pessoa, mas como sendo um dom de Deus. Ora, fica logo evidente que esse maravilhoso e multifacetado esquema de redenção realizado por Cristo e oferecido ao homem não pode ser reduzido doutrinariamente a um versículo ou frase, mesmo que um versículo como João 3:16, volto a dizer, seja capaz de salvar qualquer um que o escute pela fé.

Não podemos aqui abordar todas as facetas da redenção e de como os crentes entram no gozo de todas as suas bênçãos espirituais em Cristo pela fé. No entanto, um aspecto da fé é muitas vezes esquecido, e até mesmo rejeitado por muitos, e este é o de que a fé genuína é muito mais que o tipo de fé que alguém poderia ter nas leis da gravidade ou da astronomia, e também diferente em seu caráter. A fé deve ser o resultado de uma alma vivificada ou nascida de novo, isto é, de um "coração novo" dado soberanamente por Deus (Ezequiel 36:26). Enquanto muitos criam no nome de Jesus depois de terem visto os milagres, João imediatamente nos fala de como o Senhor Jesus não confiava neles, pois sabia o que era necessário primeiro: O novo nascimento, uma obra vivificadora nas almas dos homens. Somente então, e depois de insistir com Nicodemos que o novo nascimento era necessário para tratar "do que havia no homem" (João 2:25), é que Jesus revela a vida eterna como resultado da fé nele como proveniente de Deus. Leia de João 2:23 até 3:16, em especial conectando a passagem de João 3:2 com 2:23, a fim de obter uma compreensão do que o Senhor Jesus sabia, e do que Ele exigia como requisito para que a fé fosse eficaz para alguém ser até ser capaz de "ver (pela fé) o reino de Deus" (João 3:3).

A fé efetiva deve ter a alma nascida de novo como ponto de partida, e qualquer "fé"que seja resultado de milagres, ou qualquer "crença" decorrente da vontade do homem, continua sendo rejeitada por Deus como fruto da carne, a qual não pode agradar a Deus. Veja João 1:12-13 e Romanos 8:7-8. Não importa em quê um Mórmon moralmente correto possa acreditar; se ele não considerar a necessidade de uma fé e vida divina fundamentada numa "nova criação", o seu conhecimento de Cristo e sua fé em Cristo não passarão de uma fé "segundo a carne" (2 Coríntios 5:16-17). E se acontecer de um Mórmon ser vivificado pela graça soberana de Deus, sua fé acabará repousando naquele que "é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5:20) e, sem dúvida, ele logo se afastará do falso conceito que o sistema que a "A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias" estabeleceu para a crença carnal. E muitos já fizeram exatamente isso, louvado seja Deus!

John Kulp





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