Graça,
paz e Misericórdia daquele que vive eternamente.
Gostaria
de dividir pequena porção que ganhei na quarta, dia 25.05.2017 na reunião de
casa, quando vimos um pequena porção enigmática oculta no livro de Êxodo 33:12-13: “E Moisés disse ao Senhor: Eis que tu me
dizes: Faze subir a este povo, porém não me fazes saber a quem hás de enviar
comigo; e tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos
meus olhos. Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me
faças saber O TEU CAMINHO, e
conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação
é o teu povo”.
Podemos
fazer várias perguntas: Moisés não conhecia os caminhos de Deus? O seu próprio
nascimento já não era um milagre? O encontro com a sarça ardente não revelava o
desejo de Deus? Seu retorno ao Egito, as pragas que presenciou, a saída do
povo, a travessia pelo mar vermelho, a coluna de nuvem de dia e de fogo a
noite, a água que saiu da rocha, o encontro no Sinai....porque depois de tudo
isso Moisés ainda pedia para que Deus lhe mostrasse “O CAMINHO”?
Podemos
facilmente ler a bíblia superficialmente em um ano, mas estuda-la precisamos
“cavar” mais profundamente para compreender os desígnios de Deus. O que
realmente Moisés pedia a Deus?
O
CAMINHO, não era para saber como chegar em Canaã, mas era para conhecer o
próprio Senhor, o Cristo! Em hebraico “caminho”, chama-se Derech ( ד ר ך ),
podemos soletrar “Dérer” que tem como significado: “a maneira pela qual podemos
chegar a presença do Criador ou o acesso ao Criador”.
A
resposta da pergunta do verso 12 “... fazes saber a quem hás de enviar
comigo....” está no verso 14: “Disse pois: Irá a minha presença contigo para te fazer
descansar”. Em hebraico, “minha presença” significa literalmente FACE. Ficaria
assim: “As minhas FACES irão contigo”. Todas as
vezes que a presença de Deus é apresentada como algo físico (o dedo de Deus,
rosto, braço, lado de Deus, etc), é um fenômeno que chamamos de SHEKINÁ (a
manifestação da Glória de Deus), assim conseguimos entender melhor a Deus. É em
Cristo que o Deus Invisível se manifesta visivelmente com um corpo e uma forma.
Quando Moises pede para saber quem iria com ele e que
desejava conhecer O CAMINHO, logo em seguida esse Deus se manifesta dizendo que
as sua FACES, ou as suas MANIFESTAÇÕES iriam com ele, como vemos nos capítulos
passados que o Senhor se revelou ao seu povo escolhido de várias formas (como
rocha, coluna de fogo, etc).
Em Salmos 101:2 “Atentai-me sabiamente num caminho perfeito; Oh! quando virás
ter comigo? Andarei dentro de minha casa com coração perfeito”. Melhor compreensão seria: “Oh! Quando virás ter comigo? Só
terei coração no CAMINHO perfeito (Salmos
18:30a) quando vires ter comigo em minha casa”, Davi nos passa a idéia de
um convidado e isso nos leva para Apocalipse
3:20 onde diz: “Eis que estou à porta e
bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com
ele cearei, e ele comigo”.
Não tem como tirar textos de seu contexto. Jesus
conecta todos os assuntos, Ele é o meio, é o método, é o fim de tudo o que
buscamos aprender. Por isso o Messias é revelado a Moises no verso 14: “As minhas faces (a minha
manifestação SHEKINÁ) andarão contigo e o Meu Consolo será para ti”.
Paulo relata sobre O CAMINHO em Atos 24:14, aqui novamente a palavra é “Dérech”, também vemos que
Paulo servia ao Deus de seus antepassados (Abraão, Isaque e Jacó) e tudo o que
ele ensinava estava “de acordo com a lei e os profetas”, isso é coerência no
falar, ligando o antigo ao novo testamento.
Em João 14:6-7: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...”.
O Senhor se revela como O CAMINHO.
O mundo também tem o seu caminho. Qual o nosso referencial?
Será que temos desejo de conhecer mais a Deus assim como Moises?
Só quando estamos na Sua PRESENÇA é que nos
tornamos perfeitos (Gên.17:1).
No verso
18, Moisés novamente insiste no seu desejo: “Moisés
disse ainda: Rogo-te que me mostres a tua glória”.
Seu pedido é um suicídio, ele quer ver a
manifestação plena da Glória do Senhor.
Quando o Senhor fala no verso 14 dizendo que a Sua Presença iria com ele e isso lhe daria
descanso continua no verso 19: “Eu farei passar toda a minha
bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová”. O significado da palavra “passar” não é simplesmente passar
por cima, porém significa “tocar”, o Senhor iria tocar em Moisés.
O “CAMINHO” continua falando a Moisés: “Disse o SENHOR a Moisés:...Não me poderá ver a face, porquanto homem
nenhum verá a minha face e viverá....tu me verás pelas costas; mas a minha face
não se verá” (Êxodo 33:17, 20, 23). A Bíblia não pode
se contradiz conforme vemos no verso 11: “E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu
amigo...”. A expressão "face
a face" não é aqui utilizado para se referir a sua posição física em relação ao
outro, mas a natureza íntima do discurso do Senhor com Moisés, contemplando uma
figura de linguagem que indica que eles tiveram comunhão bem próxima. Deus e
Moisés estavam falando um com o outro em uma conversa íntima.
Vamos considerar outras questões:
João afirmou: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou” (João 1:18). Jesus disse: “Não que
alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto” (João 6:46 e 5:37).
Essas expressões destacam a santidade de Deus (1 Timóteo 6:16).
Algumas vezes nas Escrituras encontramos aparições do Pai, mas
nunca incluem nenhuma descrição das feições do seu rosto. Ezequiel fala de uma
figura resplandecente e diz: “Esta era a aparência da glória do SENHOR” (Ezequiel
1:28). Daniel viu o “Ancião de Dias” no seu trono. Ele fala sobre o trono,
a veste branca e até dos cabelos, mas não comenta nada sobre o rosto (Daniel 7:9).
Em Êxodo 24:10,
está escrito: “E chegaram
a ver o Deus de Israel. E sob os pés dele havia o que se parecia a um
trabalho de lajes de safira e aos próprios céus quanto à pureza.” O versículo 11 explica, pois diz: “Ele não estendeu sua mão contra os homens distintos dos
filhos de Israel, mas tiveram uma visão
do verdadeiro Deus, e comeram e beberam.” Assim, a aparência de Deus que
Moisés e os outros viram foi por meio de uma visão. Também podemos entender
o que Jó disse: “Eu te
conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem” (Jó 42:5). Alguns séculos depois, Deus
disse de Moisés: “Boca a boca falo com ele,
claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR” (Números 12:8), e “Nunca mais
se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR houvesse
tratado face a face” (Deuteronômio 34:10).
Ambos viram a “forma” do Senhor, a manifestação do Senhor, pois a
nossa comunhão com Deus é por intermédio do Filho. Quando Filipe pediu: “Senhor,
mostra-nos o Pai”, Jesus disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” e
continuou falando sobre a importância da obediência para manter comunhão com
Deus (João 14:8-9). Jesus “é a imagem
do Deus invisível” e nele reside toda a plenitude de Deus (Colossenses 1:15,19 e 1 João 4:12).
Atos 7:35,
explica o que Moisés viu na sarça: “A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu
príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do
anjo que lhe aparecera na sarça”. Ele viu um anjo que estava representando Deus. Anjo
significa mensageiro, logo o anjo estava representando Deus, assim como um
oficial de justiça representa o juíz, não pela face, mas pela autoridade!
Paulo
também tinha o entendimento que não era o próprio Deus quem falou com Moisés no
monte Sinai, já que “Deus nunca foi visto por alguém” (Jo.1:18).
“Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe
falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida
para no-las dar”. Atos 7:38
No antigo testamento, diversas vezes Deus enviava um “representante”,
muitas vezes chamado de “o anjo do Senhor”; podia ser o próprio Senhor ou sua Teofania,
um principio usado no antigo testamento.
A
teofania é uma manifestação visível de Deus. Era quando Deus se manifestava
através de algo a alguém. Quando alguém via uma teofania normalmente via algo
grandioso, fora dos padrões normais. Porém, essa manifestação não era a própria
imagem de Deus como se Ele estivesse sendo visto face a face. Como já
mencionado, existem várias teofanias (manifestações visíveis de Deus) no antigo
testamento:
1-
Deus se manifestando através de uma nuvem, relâmpagos e trovões, barulho de
trombeta, trazendo uma mensagem direta ao povo (Êx 19.9-25);
2-
Deus manifestando-se em sonhos (Gn
28.12-17);
3-
Deus manifestando-se em uma visão (Is
6.1-13);
4-
Deus manifestando-se por um anjo (Êx
3.2-4.17). Etc.
Muito
comum eles acharem que tinham visto Deus devido a grandeza das manifestações. Quando
Moisés e o povo viram as manifestações nos relâmpagos e trovões, achavam que
era o próprio Deus: "Face a face falou o SENHOR
conosco, no monte, do meio do fogo." (Deuteronômio 5.4). O que eles viram foi uma manifestação de Deus no
meio do fogo, mas disseram que Deus lhes falou face a face. Não se trata de um
engano ou de um erro. O próprio Deus realmente estava ali naquelas
manifestações, porém, não a sua "imagem", que, segundo os textos
bíblicos, não pode ser vista.
Este anjo é chamado de “o anjo do Senhor”, e “o anjo da presença
(ou face) de Javé” (Gn 16:7, Gn 18 - Abraão intercede com o anjo
por Sodoma; Gn 22:11 - o anjo
interpõe-se para impedir o sacrifício de Isaac; Gn 24:7, Gn 24:40 - Abraão manda Eliezer e promete proteção do
anjo; Gn 31:11 - o anjo que aparece
a Jacó diz: “Eu sou o Deus de Betel”; Gênesis 32:24, 30,
Jacó viu a Deus aparecendo como um anjo - Ele não viu a Deus realmente, mas
disse: “Eu vi Deus face a face”, Gn 48:15 -
Jacó fala de Deus e do anjo como idênticos; Ex. 3 (Compare Atos 7:30)
- o anjo aparece a Moisés na sarça ardente; Ex.13:21; 14:19 (compare
Num 20:16) – Deus, ou o anjo, leva a
Israel do Egito; Ex.23:20 - as
pessoas são ordenados a obedecer ao anjo; Ex.32:34
com 33:17 (compare Is.63:9) - Moisés implora a presença de
Deus com o Seu povo; Josué 5:13 até 6:2 - o anjo aparece a Josué; Juizes 2:1-5, o anjo fala para o povo; Jz 6:11 - o anjo aparece a Gideão. Os
pais de Sansão ficaram atemorizados quando perceberam que tinham visto a Deus (Juízes 13:22), mas na verdade O tinham
visto apenas como um anjo, somente Jesus era Deus em carne (João 1:1,14).
Em Ex.23:20 Deus
promete enviar um anjo diante de Seu povo para levá-los à terra prometida, e
eles são ordenados a obedecer-lhe e não provocá-lo “pois ele
não irá perdoar sua transgressão, pois o meu nome está nele.” Assim o
anjo pode perdoar pecados, o que só Deus pode fazer, porque o nome de Deus,
isto é, seu caráter, e, portanto, sua autoridade, estão no anjo. Além disso, na
passagem de Ex 32:34 até 33:17, Moisés intercede pelo povo
após a sua primeira violação do pacto, onde Deus responde: “Eis o meu
anjo que irá adiante de ti”, e imediatamente depois Deus diz: “Eu não vou
subir no meio de ti”. Em resposta a mais uma súplica, Deus diz: “Minha
presença irá contigo, e eu te darei descanso.” Aqui está uma distinção
clara entre um anjo comum e o anjo que carrega consigo a presença de Deus. Este
anjo é simplesmente um anjo com uma comissão especial ou algumas vezes é uma
descida momentânea de Deus em visibilidade.
Os vencedores terão o privilégio diante do trono de Deus e do
Cordeiro de contemplar a face de Deus (Salmos
11:7; 17:15). “Os seus servos o servirão, contemplarão a
sua face” (Apocalipse 22:3-4). João
menciona em sua visão a Majestade, Formosura do Senhor e até mesmos os olhos e
a boca, mas não a face. (Apocalipse 1:14-16; 4:2-3; 5:6), porém em Mateus
17:1-2, é presentado a Moisés O CAMINHO, aquele a quem sempre desejava conhecer
– Cristo Jesus!
Bibliografia
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