segunda-feira, 8 de julho de 2013

A História do Livro de Juízes

A História do Livro de Juízes

Vemos por exemplo no livro de Juízes datado do ano de 1050 e 100 a.C, uma história de Israel cheia de ação, que mostra o povo ora envolvido com a religião demoníaca e as conseqüências desastrosas, ora arrependido e misericordiosamente libertado por Deus, por meio de juízes divinamente nomeados, na realidade 12 ao total: Otniel, Eúde, Sangar, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, (Heb. 11:32-34), Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom.
Em descobertas arqueológicas confirmam sobre a natureza da religião de Baal praticada pelos cananeus. Fora as referências na Bíblia, pouco se sabia sobre o baalismo até 1929, quando se escavou a antiga cidade cananéia de Ugarit (a moderna Ras Xamra, na costa síria, defronte da ponta nordeste da ilha de Chipre). Foi revelado aqui que a religião de Baal se caracterizava pelo materialismo, extremo nacionalismo e adoração do sexo. Cada cidade cananéia tinha evidentemente seu santuário de Baal, bem como capelas conhecidas como os altos. Dentro dessas capelas, havia provavelmente imagens de Baal, e, perto dos altares, do lado de fora, encontravam-se colunas de pedra  (os Obeliscos distribuídos em várias cidades do mundo) talvez símbolos fálicos de Baal. Detestáveis sacrifícios humanos manchavam de sangue estes santuários. Quando os israelitas ficaram contaminados com o baalismo, ofereceram da mesma forma seus filhos e suas filhas. (Jer. 32:35) Havia um poste sagrado que representava a mãe de Baal, Axerá. A deusa da fertilidade, Astorete, esposa de Baal, era adorada por meio de licenciosos ritos sexuais, sendo mantidos tanto homens como mulheres como “consagrados” prostitutos do templo. Não é de admirar que Deus ordenasse o extermínio do baalismo e de seus aderentes bestiais. “Teu olho não deve ter dó deles; e não deves servir aos seus deuses.”  Deut. 7:16.
Mas, em vez de expulsarem totalmente os cananeus, os israelitas submetem muitos desses a trabalhos forçados, permitindo que residam entre eles. Em conseqüência disso, o anjo de Deus declara: “Pelo que também eu disse: Não os expelirei de diante de vós; antes, estarão às vossas costas, e os seus deuses vos serão por laço.” (2:3) Assim, quando surge uma nova geração que não conhece a Deus nem as obras realizadas por ele, o povo logo abandona a Deus para servir aos Baalins e a outros deuses. Conseqüentemente o Criador não expulsa nenhuma das nações que ele deixou para provar Israel.
Angustiados por causa de seu cativeiro às mãos dos cananeus, os filhos de Israel começam a invocar a Deus em busca de socorro. Ele suscita primeiro a Otniel (3:1-11). 
Depois de os filhos de Israel terem sido subjugados por 18 anos a Eglom, rei de Moabe, clamam a Deus que ouve outra vez as suas súplicas e suscita o juiz Eúde (3:12-30), e o país goza outra vez do descanso que Deus lhe concede, por 80 anos.
 O juiz Sangar (3:31). Sangar salva a Israel, abatendo 600 filisteus. Que a vitória se deve ao poder de Deus, indica-se mediante a arma que emprega  uma simples aguilhada de gado.
 O juiz Baraque (4:1-5:31). Depois, Israel cai sob o jugo do rei cananeu, Jabim, e de Sísera, seu chefe de exército, que se jacta de seus 900 carros munidos de foices de ferro. Israel clama de novo a Deus que o escuta e suscita o juiz Baraque, ajudado pela profetisa Débora.
Para que Baraque e seu exército não tenham motivo para se jactar, Débora dá a conhecer que a batalha será travada por orientação de Deus, e passa a profetizar: “Será à mão de uma mulher que Deus venderá a Sísera.” (4:9) Baraque convoca os homens de Naftali e de Zebulão ao monte Tabor. Seu exército de 10.000 homens desce então ao combate. Sua firme fé lhes traz a vitória. ‘Deus começa a lançar em confusão tanto a Sísera como a todos os seus carros de guerra e todo o acampamento’, esmagando-os por uma inundação súbita no vale do Quisom. “Não restou nem sequer um.” (4:15, 16) Jael, esposa de Héber, o queneu, para cuja tenda Sísera foge, leva ao clímax a matança, pregando contra o chão a cabeça de Sísera com uma estaca de tenda. “Assim subjugou Deus . . . a Jabim.” (4:23) Débora e Baraque entoam um cântico para a glória do poder invencível de Deus, que fez com que até mesmo as estrelas lutassem desde suas órbitas contra Sísera. É deveras ocasião para ‘bendizer a Deus’! (5:2) Seguem-se 40 anos de paz.
 O juiz Gideão (6:1-9:57). De novo fazem os filhos de Israel o que é mau, e o país é devastado pelos midianitas invasores. Por intermédio de seu anjo, Deus suscita o juiz Gideão: “Mostrarei estar contigo.” (6:16) O primeiro ato de coragem de Gideão consiste em destruir o altar de Baal que se acha na sua própria cidade. Os exércitos combinados do inimigo cruzam então em direção de Jezreel, mas ‘o Espírito de Deus envolve Gideão’ ao passo que este convoca Israel para a batalha. (6:34).
Mediante seu exército, composto de 32.000 homens, é grande demais, e que o tamanho poderá dar motivo para jactância humana sobre a vitória. Primeiro, os temerosos são enviados para casa, restando apenas 10.000. (Juí. 7:3; Deut. 20:8) Depois, mediante a prova da maneira de beber água, todos, exceto 300 alertas e vigilantes, são eliminados. Gideão faz reconhecimento do acampamento midianita durante a noite e de novo é assegurado do sucesso ao ouvir um homem interpretar um sonho como significando: “isto não é senão a espada de Gideão . . . O verdadeiro Deus lhe entregou na mão a Midiã e a todo o acampamento”. (Juí. 7:14) Gideão presta adoração a Deus e divide seus homens em três grupos em volta do acampamento midianita. O silêncio da noite é subitamente rompido: os 300 homens de Gideão tocam as buzinas, quebram os grandes jarros, acendem as tochas e gritam: “A espada de Deus e de Gideão!” (7:20). O acampamento do inimigo vira um pandemônio. Os midianitas lutam uns contra os outros e põem-se em fuga. Mas Israel os persegue, mata-os, abate também a seus príncipes. Contudo, do despojo da guerra Gideão faz um éfode, que chega a ser mais tarde objeto de grande veneração, tornando-se assim um laço para Gideão e sua família. O país tem descanso por 40 anos durante o tempo em que Gideão é juiz.
 Depois da morte de Gideão, Abimeleque, um de seus filhos, nascido de uma concubina sua, usurpa o poder e assassina seus 70 meios-irmãos. Jotão, o filho mais novo de Gideão, é o único que escapa, e, do cume do monte Gerizim, ele profere uma maldição sobre Abimeleque. Nessa parábola das árvores, ele assemelha a “realeza” de Abimeleque a um modesto espinheiro. Abimeleque vê-se logo envolvido numa luta interna em Siquém, onde sofre a humilhação de ser morto por uma mulher que lhe atira, do alto da torre de Tebes, uma mó certeira, esmagando-lhe o crânio.  Juí. 9:53; 2 Sam. 11:21.
 Os juízes Tola e Jair (10:1-5). Estes são os próximos a efetuar libertações pelo poder de Deus, julgando por 23 e 22 anos, respectivamente.
 O juiz Jefté (10:6-12:7). Visto que Israel persiste em voltar-se para a idolatria, a ira de Deus se acende de novo contra a nação. O povo sofre agora opressão por parte dos amonitas e dos filisteus. Jefté é chamado de volta do exílio para liderar Israel no combate. Mas quem realmente é o juiz nessa controvérsia? As próprias palavras de Jefté fornecem a resposta: “Julgue hoje Deus, o Juiz, entre os filhos de Israel e os filhos de Amom.” (11:27) Ao passo que o Espírito de Deus opera nele, Jefté faz um voto de que, ao retornar de Amom em paz, devotará a Deus a primeira pessoa que de sua casa sair ao seu encontro. Jefté subjuga Amom com grande matança. Ao voltar para casa, em Mispá, é a sua própria filha que lhe sai primeiro ao encontro, correndo, com alegria pela vitória de Deus. Jefté cumpre o seu voto  devotando esta filha única ao serviço exclusivo na casa de Deus, para Seu louvor.
 Os efraimitas protestam então que não foram convocados para lutar contra Amom, e ameaçam a Jefté, que se vê obrigado a repeli-los. Ao todo, 42.000 efraimitas são mortos, muitos deles nos vaus do Jordão, onde são reconhecidos por não conseguirem pronunciar corretamente a senha “Xibolete”. Jefté continua a julgar Israel por seis anos (12:6).
 Os juízes Ibsã, Elom e Abdom (12:8-15). Embora se fale pouco concernente a estes, os períodos em que julgaram são declarados como sendo de sete, dez e oito anos, respectivamente.
 O juiz Sansão (13:1-16:31). Mais uma vez Israel cai sob o jugo dos filisteus. Desta vez, Deus suscita a Sansão como juiz. O segredo da sua força não está em músculos humanos, mas no poder dado por Deus. É quando ‘o Espírito de Deus se torna ativo nele’, mas se afasta o seu coração de Deus (16:20) e os filisteus o pegam, vazam-lhe os olhos e o fazem virar a mó na prisão, como escravo. Quando chega a época da celebração de uma grande festa em honra de Dagom, deus dos filisteus, ele se coloque entre as duas grandes colunas da casa usada para adoração de Dagom. Sansão invoca a Deus: “Senhor Deus, por favor, lembra-te de mim e fortalece-me só esta vez.” E Deus lembra-se dele ‘e a casa cai, de modo que os mortos, que entrega à morte ao ele mesmo morrer, vêm a ser mais do que os que entregara à morte durante a sua vida’(16:28-30).
 
 Micá e os danitas (17:1-18:31). Micá, um efraimita, estabelece seu próprio sistema religioso independente, a idólatra “casa de deuses”, com tudo, imagem esculpida e um sacerdote levita. (17:5) Homens da tribo de Dã passam por lá, a caminho da posse de sua herança no norte. Eles saqueiam Micá, tirando-lhe os acessórios religiosos e o sacerdote, e avançam para o extremo norte, a fim de destruírem a insuspeitosa cidade de Laís. Em seu lugar, edificam a sua própria cidade de Dã, e colocam ali a imagem esculpida que pertencera a Micá. Assim, seguem a religião de sua própria escolha.
 O pecado de Benjamim em Gibeá (19:1-21:25). O acontecimento escrito a seguir faz Oséias dizer posteriormente estas palavras: “Pecaste desde os dias de Gibeá, ó Israel.” (Osé. 10:9) Certo levita de Efraim, voltando para casa com sua concubina, passa a noite na casa de um homem idoso, em Gibeá de Benjamim. Homens imprestáveis dessa cidade cercam a casa, exigindo ter relações sexuais com o levita. Eles aceitam, entretanto, sua concubina em seu lugar, e abusam dela a noite inteira. Pela manhã, ela é encontrada morta na soleira da porta. O levita leva o cadáver para casa, recorta-o em 12 pedaços e envia estes a todo o Israel. As 12 tribos são destarte postas à prova. Castigarão a Gibeá, removendo assim do meio de Israel a imoralidade? Os benjamitas fecham os olhos a esse crime bestial. Depois de duas derrotas sanguinárias, as outras tribos levam a vitória, colocando uma emboscada, e praticamente aniquilam a tribo de Benjamim, escapando apenas 600 homens que se refugiam no rochedo de Rimom.

A condenação severa que Deus pronunciou contra a adoração de Baal deve impelir-nos a nos resguardar dos seus equivalentes modernos: o materialismo, o nacionalismo e a imoralidade sexual (2:11-18).
“Faze-lhes como a Midiã, como a Sísera, como a Jabim no vale da torrente de Quisom . . . para que as pessoas saibam que tu, Deus de Israel, somente tu és o Altíssimo sobre toda a terra.”  Sal. 83:9, 18; Juí. 5:20, 21.

Deuses e Deusas

Deuses e deusas

 As deidades que têm sido e ainda são adoradas pelas nações são criações humanas, produtos de homens imperfeitos, “inanes”, que “transformaram a glória do Deus incorruptível em algo semelhante à imagem do homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de bichos rastejantes”. (I Co 1:21-23) Não surpreende, portanto, observarmos que tais deidades refletem as mesmas características e fraquezas de seus adoradores imperfeitos. Um termo hebraico usado para se referir a ídolos ou deuses falsos significa literalmente “coisas sem valor” ou “coisa inútil”. — Le 19:4; Is 2:20.
A Bíblia refere-se a Satanás, o Diabo, como “o deus deste sistema de coisas”. (2Co 4:4) Que Satanás é o “deus” mencionado aqui é claramente indicado mais adiante no versículo 4 , onde diz que este deus “tem cegado as mentes dos incrédulos”. Em Revelação (Apocalipse) 12:9, diz-se que ele “está desencaminhando toda a terra habitada”. O controle que Satanás exerce sobre o atual sistema de coisas, inclusive os governos deste, foi indicado quando ele ofereceu a Jesus “todos os reinos do mundo” em troca de “um ato de adoração”. — Mt 4:8, 9.
A adoração veneradora dos homens aos seus deuses-ídolos na realidade é dirigida “a demônios, e não a Deus”. (1Co 10:20; Sal 106:36, 37) Jeová Deus requer devoção exclusiva. (Is 42:8) Quem adora um deus-ídolo repudia o verdadeiro Deus e assim serve os interesses do principal Adversário de Jeová, Satanás, e seus demônios.
Embora a Bíblia mencione diversos deuses e deusas dos povos antigos, nem sempre é possível identificar especificamente tais deuses.
Origem de Deuses e Deusas. Dificilmente podem-se atribuir ao acaso as notáveis similaridades prontamente observáveis quando se comparam os deuses e as deusas dos povos antigos. Concernente a isto, J. Garnier escreveu: “Não apenas os egípcios, os caldeus, os fenícios, os gregos e os romanos, mas também os hindus, os budistas da China e do Tibete, os godos, os anglo-saxões, os druidas, os mexicanos e os peruanos, os aborígines da Austrália e até mesmo os selvagens das ilhas dos Mares do Sul, devem todos ter derivado suas idéias religiosas de uma fonte comum e de um centro comum. Em toda a parte deparamo-nos com as mais surpreendentes coincidências nos rituais, nas cerimônias, nos costumes, nas tradições, e nos nomes e nas relações de seus respectivos deuses e deusas.” — The Worship of the Dead (A Adoração dos Mortos), Londres, 1904, p. 3.
A evidência das Escrituras aponta para a terra de Sinear como o berço pós-diluviano dos conceitos religiosos falsos. Sem dúvida sob a direção de Ninrode, “poderoso caçador em oposição a Jeová”, começou a construção da cidade de Babel e da sua torre, provavelmente um zigurate a ser usado na adoração falsa. Empreendeu-se este projeto de construção, não para dar honra a Jeová Deus, mas para a autoglorificação dos construtores, que desejavam fazer para si mesmos um “nome célebre”. Também, era diametralmente oposto ao propósito de Deus, de que a humanidade se espalhasse sobre a terra. O Todo-poderoso frustrou os planos desses construtores por confundir a língua deles. Não mais podendo entender-se, gradualmente desistiram de construir a cidade e se dispersaram. (Gên 10:8-10; 11:2-9) No entanto, Ninrode aparentemente ficou em Babel e expandiu o seu domínio, fundando o primeiro Império Babilônico. — Gên 10:11, 12.
Quanto aos povos dispersos, para onde quer que tenham ido levaram junto a sua religião falsa, que seria praticada sob novos termos, na nova língua deles e em novos lugares. O povo foi disperso nos dias de Pelegue, que nasceu cerca de um século após o Dilúvio e morreu à idade de 239 anos. Visto que tanto Noé como seu filho Sem sobreviveram a Pelegue, a dispersão ocorreu numa época em que eram conhecidos os fatos a respeito de acontecimentos anteriores, tais como o Dilúvio. (Gên 9:28; 10:25; 11:10-19) Este conhecimento, sem dúvida, perdurava em alguma forma na memória do povo disperso. Isto é indicado pelo fato de que as mitologias dos antigos refletem várias partes do registro bíblico, porém, de forma distorcida e politeísta. As lendas descrevem certos deuses como matadores de serpentes; também, as religiões de muitos povos antigos incluíam a adoração de um deus colocado no papel de benfeitor, que sofre morte violenta na terra e é então trazido de volta à vida. Isto talvez sugira que tal deus era, na realidade, um humano deificado, erroneamente considerado como o ‘descendente [semente] prometido’. (Veja Gên 3:15.) Os mitos falam a respeito de casos amorosos entre deuses e mulheres terrenas, e dos feitos heróicos de sua descendência híbrida. (Veja Gên 6:1, 2, 4; Ju 6.) Dificilmente existe uma nação na terra que não tenha uma lenda a respeito dum dilúvio global, e, nas lendas da humanidade, são também encontrados vestígios do relato da construção da torre.
Deidades Babilônicas. Após a morte de Ninrode, os babilônios sem dúvida estavam propensos a tê-lo em alta estima qual fundador, construtor e primeiro rei da sua cidade, e como organizador do Império Babilônico original. Segundo a tradição, Ninrode sofreu morte violenta. Visto que o deus Marduque (Merodaque) era considerado como fundador de Babilônia, alguns têm sugerido que Marduque representa o deificado Ninrode. Todavia, as opiniões dos peritos divergem muito quanto à identificação de deidades com humanos específicos.
Com o passar do tempo, os deuses do primeiro Império Babilônico começaram a se multiplicar. O panteão veio a ter numerosas tríades de deuses, ou deidades. Uma de tais tríades era composta de Anu (o deus do céu), Enlil (o deus da terra, do ar e da tempestade) e Ea (o deus que presidia as águas). Outra tríade era composta do deus-lua, Sin, do deus-sol, Xamaxe, e da deusa de fertilidade, Istar, amante ou consorte de Tamuz. (FOTO, Vol. 2, p. 641) Os babilônios tinham até mesmo tríades de demônios, tais como a tríade de Labartu, Labasu e Akhkhazu. A adoração de corpos celestiais tornou-se proeminente (Is 47:13), e diversos planetas vieram a ser associados a certas deidades. O planeta Júpiter foi identificado com o deus principal de Babilônia, Marduque; Vênus com Istar, deusa do amor e da fertilidade; Saturno com Ninurta, deus da guerra e da caça, e padroeiro da agricultura; Mercúrio com Nebo, deus da sabedoria e da agricultura; Marte com Nergal, deus da guerra e da pestilência, e senhor do além.
As cidades da antiga Babilônia passaram a ter as suas próprias divindades guardiãs especiais, algo parecido a “santos padroeiros”. Em Ur, era Sin; em Eridu, Ea; em Nipur, Enlil; em Cuta, Nergal; em Borsipa, Nebo, e na cidade de Babilônia, Marduque (Merodaque). Na época em que Hamurábi tornou Babilônia a capital do império babilônico, aumentou, naturalmente, a importância do deus favorito da cidade, Marduque. Por fim, Marduque recebeu os atributos de anteriores deuses e substituiu estes nos mitos babilônicos. Em períodos posteriores, seu nome próprio, “Marduque”, foi substituído pelo título “Belu” (“Dono”), de modo que finalmente passou a ser chamado de Bel. A esposa dele chamava-se Belit (“Senhora”, por excelência). — Veja BEL; NEBO N.° 4.
O quadro de deuses e deusas apresentado em antigos textos babilônicos apenas reflete o pecaminoso homem mortal. Estes relatos dizem que as divindades nasciam, amavam, geravam filhos, lutavam e até morriam, assim como Tamuz. Diz-se que elas, aterrorizadas pelo Dilúvio, ‘agacharam-se como cães’. As deidades são também retratadas como cobiçosas, freqüentemente comendo como glutões e bebendo a ponto de ficar embriagadas. Tinham gênio furioso, e eram vingativas e suspeitosas umas das outras. Havia entre elas ódios amargos. Para ilustrar isso: Tiamat, decidida a destruir os outros deuses, foi vencida por Marduque, que a partiu ao meio, formando com uma metade o céu e usando a outra metade com relação ao estabelecimento da terra. Eresquigal, deusa do além, mandou que Namtar, deus da pestilência, encarcerasse a irmã dela, Istar, e a afligisse com 60 misérias. — Veja NERGAL.
O acima fornece algumas indicações sobre o ambiente que o fiel Abraão deixou para trás quando partiu da cidade caldéia de Ur, que então estava mergulhada na idolatria babilônica. (Gên 11:31; 12:1; Jos 24:2, 14, 15) Séculos mais tarde, foi para Babilônia, “uma terra de imagens entalhadas” e de imundos “ídolos sórdidos”, que milhares de cativos judeus foram mandados. — Je 50:1, 2, 38; 2Rs cap. 25.
Deidades Assírias. Falando-se de modo geral, os deuses e as deusas assírios são idênticos às deidades babilônicas. No entanto, uma deidade, Assur, o deus principal, parece ter sido exclusivo do panteão assírio. Visto que a Assíria derivou seu nome de Assur, tem-se sugerido que este deus, na realidade, seja o filho de Sem, chamado Assur, deificado por praticantes da adoração falsa. — Gên 10:21, 22.
Dessemelhante do Marduque babilônico, que também era adorado na Assíria, mas cuja sede de adoração sempre permaneceu na cidade de Babilônia, a sede da adoração de Assur mudava conforme os reis da Assíria passavam a fixar residência oficial em outras cidades. Também, construíram-se santuários de Assur em diversos lugares da Assíria. Um estandarte militar era símbolo primário de Assur, e era levado para o grosso da batalha. O círculo ou disco alado, do qual freqüentemente emerge um homem barbudo, representava o deus Assur. Às vezes mostra-se a figura humana segurando um arco, ou no ato de atirar uma flecha. Outra representação de Assur sugere o conceito duma tríade. Além da figura central emergindo do círculo, mostram-se duas cabeças humanas por cima das asas, uma de cada lado da figura central. — Veja FOTO, Vol. 2, p. 641; ASSÍRIA; NISROQUE.
Era entre tais assírios que exilados do reino setentrional das dez tribos se encontravam após a queda de Samaria em 740 AEC. (2Rs 17:1-6) Mais tarde, o profeta Naum predisse a queda de Nínive (capital da Assíria) e de seus deuses, destruição que ocorreu em 632 AEC. — Na 1:1, 14.
Deidades Egípcias. Os deuses e deusas adorados pelos egípcios evidenciam uma herança basicamente babilônica. Havia tríades de deidades e até mesmo tríades triplas, ou “enéades”. Uma das tríades populares consistia em Osíris, sua consorte Ísis e o filho deles, Hórus. — FOTO, Vol. 2, p. 641.
Osíris era o mais popular dos deuses egípcios e era considerado filho do deus-terra, Geb, e da deusa-céu, Nut. Dizia-se que Osíris tornou-se marido de Ísis e reinou sobre o Egito. Os relatos mitológicos contam que Osíris foi assassinado pelo seu irmão, Set, e então trazido à vida, tornando-se o juiz e o rei dos mortos. O relacionamento entre Osíris e Ísis, e as respectivas características deles, correspondem notavelmente ao relacionamento e às características dos babilônios Tamuz e Istar. Assim, muitos peritos acham que eles são os mesmos.
A adoração de mãe e filho era também muito popular no Egito. Ísis é muitas vezes retratada com o menino Hórus no colo. Esta figura é tão parecida com a da Madona (“Nossa Senhora”) e o filho, que certas pessoas na cristandade às vezes a têm venerado em ignorância. (FOTO, Vol. 2, p. 641) Com respeito ao deus Hórus, existe evidência da distorção da promessa edênica concernente ao descendente, ou semente, que havia de machucar a cabeça da serpente. (Gên 3:15) Hórus, às vezes, é retratado pisoteando crocodilos, e agarrando cobras e escorpiões. Segundo certo relato, quando Hórus passou a vingar a morte de seu pai Osíris, Set, que assassinara Osíris, transformou-se numa serpente.
Em esculturas e pinturas egípcias, o símbolo sagrado, a cruz ansada, aparece muitas vezes. Este chamado símbolo da vida assemelha-se à letra “T”, com uma asa oval na parte superior, e provavelmente representava os órgãos de reprodução masculino e feminino combinados. Muitas vezes as deidades egípcias são representadas segurando a cruz ansada. — FOTO, Vol. 2, p. 642.
Muitas eram as criaturas veneradas como sagradas pelos egípcios. Incluíam o abutre, o carneiro, o chacal, o crocodilo, o escaravelho, o escorpião, o falcão, o gato, o hipopótamo, o íbis, o leão, o lobo, a rã, a serpente, o touro e a vaca. Todavia, algumas delas eram sagradas em uma parte do Egito, mas não em outra, resultando isto, às vezes, até em irrompimento de guerras civis. Os animais não só eram sagrados para certos deuses, mas alguns deles eram até mesmo considerados como encarnação de um deus ou uma deusa. Por exemplo, o touro Ápis era considerado como a própria encarnação do deus Osíris, e também uma emanação do deus Ptá.
Segundo Heródoto (II, 65-67), quem matasse deliberadamente um animal sagrado era morto; se o animal fosse morto acidentalmente, os sacerdotes estipulavam uma multa. No entanto, quem matasse um íbis ou um gavião, quer intencionalmente quer não, era morto, usualmente às mãos duma turba enfurecida. Quando morria um gato, todos os da casa rapavam as sobrancelhas, ao passo que por ocasião da morte dum cão, rapavam o corpo inteiro. Animais sagrados eram mumificados e recebiam sepultamento suntuoso. Entre os animais mumificados foram encontrados o crocodilo, o falcão, o gato e o touro, para se mencionarem apenas alguns.
As narrativas mitológicas retratam as deidades egípcias com fraquezas e imperfeições humanas. Dizia-se delas que sentiam angústia e medo, e que repetidas vezes se viam em perigo. O deus Osíris foi morto. Hórus, na infância, supostamente sofria de dores internas, dores de cabeça e disenteria, e morreu duma picada de escorpião, mas diz-se que depois foi trazido de volta à vida. Cria-se que Ísis sofria dum abscesso no seio. Ensinava-se que, com o passar dos anos, a força do deus-sol Rá diminuía e que escorria saliva da sua boca. A própria vida dele estava em perigo depois de ter sido picado por uma serpente mágica, formada por Ísis, embora se restabelecesse em resultado de palavras mágicas de Ísis. Secmet, deusa que representava o poder destrutivo do sol, era representada como sanguinária. Ela se agradava tanto em matar homens, que se diz que Rá temia pelo futuro da raça humana. Para salvar a humanidade do extermínio, Rá distribuiu 7.000 jarros duma mistura de cerveja com romã sobre o campo de batalha. Pensando tratar-se de sangue humano, Secmet bebeu-a avidamente, até ficar embriagada demais para continuar com sua matança. Diz-se que Néftis embriagou seu irmão Osíris, marido da sua irmã Ísis, e depois teve relações sexuais com ele. Os deuses-sol Tem e Hórus eram retratados como masturbadores.
É interessante que, quando Faraó constituiu José em segundo governante da terra do Egito, José foi com isso elevado acima dos adoradores dos deuses falsos do Egito. — Gên 41:37-44.
As Dez Pragas. Por meio das pragas com as quais afligiu os egípcios, Jeová humilhou e executou julgamento nos deuses deles. (Êx 12:12; Núm 33:4; FOTOS, Vol. 2, p. 642) A primeira praga, a transformação do Nilo e de todas as águas do Egito em sangue, causou desonra ao deus-Nilo, Hápi. A morte dos peixes no Nilo foi também um golpe contra a religião do Egito, pois certas espécies de peixes eram realmente veneradas e até mesmo mumificadas. (Êx 7:19-21) A rã, tida como símbolo da fertilidade e do conceito egípcio da ressurreição, era considerada sagrada para a deusa-rã, Heqt. Assim, a praga das rãs trouxe desonra a esta deusa. (Êx 8:5-14) A terceira praga resultou em os sacerdotes-magos reconhecerem a derrota, quando se viram incapazes de transformar o pó em borrachudos, por meio de suas artes secretas. (Êx 8:16-19) Atribuía-se ao deus Tot a invenção da magia ou das artes secretas, mas nem mesmo este deus pôde ajudar os sacerdotes-magos a imitar a terceira praga.
A linha de demarcação entre os egípcios e os adoradores do verdadeiro Deus veio a ficar nitidamente traçada da quarta praga em diante. Enquanto enxames de moscões invadiam os lares dos egípcios, os israelitas na terra de Gósen não foram atingidos. (Êx 8:23;  24) A praga seguinte, a pestilência no gado, humilhou deidades tais como a deusa-vaca, Hator, Ápis e a deusa-céu, Nut, imaginada como uma vaca, com as estrelas afixadas na sua barriga. (Êx 9:1-6) A praga dos furúnculos causou desonra aos deuses e às deusas considerados como possuindo habilidades curativas, tais como Tot, Ísis e Ptá. (Êx 9:8-11) A forte saraivada envergonhou os deuses considerados como tendo controle sobre os elementos naturais; por exemplo, Reshpu, o qual, pelo que parece, cria-se que controlava os raios, e Tot, do qual se dizia ter poder sobre a chuva e os trovões. (Êx 9:22-26) A praga dos gafanhotos significava uma derrota dos deuses que, segundo se pensava, garantiam abundante colheita, um destes sendo o deus da fertilidade, Min, o qual era encarado como protetor das colheitas. (Êx 10:12-15) Dentre as deidades desonradas pela praga da escuridão achavam-se os deuses-sol, tais como Rá e Hórus, e também Tot, o deus da lua, tido como o sistematizador do sol, da lua e das estrelas. — Êx 10:21-23.
A morte dos primogênitos resultou na maior humilhação para os deuses e as deusas egípcios. (Êx 12:12) Os governantes do Egito realmente chamavam a si mesmos de deuses, filhos de Rá ou Amom-Rá. Afirmava-se que Rá, ou Amom-Rá, tinha relações sexuais com a rainha. O filho nascido era, portanto, considerado como um deus encarnado e era dedicado a Rá, ou Amom-Rá, no seu templo. Assim, com efeito, a morte do primogênito de Faraó realmente significava a morte de um deus. (Êx 12:29) Isto já por si só teria sido um duro golpe na religião do Egito, e a completa incapacidade de todas as deidades se evidenciou em serem incapazes de salvar da morte os primogênitos dos egípcios. — Veja AMOM, II N.° 4.
Deidades Cananéias. Fontes extrabíblicas indicam que o deus El era considerado o criador e soberano. Embora El parece ter ficado um tanto afastado dos assuntos terrestres, ele é repetidas vezes mostrado como contatado por outras divindades com solicitações. El é retratado como filho rebelde que destronou e castrou seu próprio pai, e também como tirano sanguinário, assassino e adúltero. Nos textos de Ras Xamra, El é mencionado como “pai touro” e é representado com cabelo e barba grisalhos. Sua consorte era Axerá, mencionada como progenitora dos deuses, ao passo que El é colocado no papel de progenitor dos deuses.
O mais proeminente dos deuses cananeus, porém, era Baal, o deus da fertilidade, deidade do céu, da chuva e da tempestade. (Jz 2:12, 13) Nos textos de Ras Xamra, Baal muitas vezes é chamado de filho de Dagom, embora se fale também de El como seu pai. Anate, irmã de Baal, aparece como referindo-se a El como seu pai, e este, por sua vez, chama-a de sua filha. Assim, provavelmente, Baal era considerado filho de El, embora pudesse também ter sido encarado como neto de El. Nos relatos mitológicos, descreve-se a Baal como atacando e vencendo a Iam, deus que presidia às águas e que parece ter sido o filho favorito ou amado de El. Mas, Baal é morto na sua luta com Mot, encarado como um filho de El e deus da morte e da aridez. De modo que Canaã, tal qual Babilônia, tinha seu deus que sofrera morte violenta e fora depois trazido de volta à vida. — Veja BAAL N.° 4.
Anate, Axerá e Astorete são as principais deusas mencionadas nos textos de Ras Xamra. Todavia, parece ter havido considerável coincidência nas funções dessas deusas. Na Síria, onde os textos de Ras Xamra foram achados, Anate talvez fosse considerada esposa de Baal, visto que ela, embora repetidas vezes mencionada como “donzela”, é apresentada como tendo relações sexuais com Baal. Em conexão com Baal, porém, o registro das Escrituras menciona apenas Astorete e o poste sagrado, ou Axerá. Assim, às vezes, Axerá, ou então Astorete, talvez fossem consideradas esposas de Baal. — Jz 2:13; 3:7; 10:6; 1Sa 7:4; 12:10; 1Rs 18:19; veja ASTORETE; COLUNA SAGRADA; POSTE SAGRADO.
As referências a Anate, nos textos de Ras Xamra, fornecem alguns indícios do conceito degenerado sobre as divindades que os cananeus, sem dúvida, compartilhavam com os sírios. Anate é descrita como a mais bonita das irmãs de Baal, mas como tendo um gênio extremamente violento. Ela é retratada como ameaçando esmagar o crânio de seu pai, El, fazer o cabelo grisalho dele jorrar sangue e sua barba grisalha ficar com sangue coagulante, se ele não acedesse aos desejos dela. Em outra ocasião, mostra-se Anate numa orgia de matança. Ela prendia cabeças nas suas costas, e mãos no seu cinto, e mergulhava até os joelhos em sangue e até os quadris em sangue coagulante dos valentes. Seu prazer em tal derramamento de sangue é refletido nas palavras: “O fígado dela incha de riso, o coração dela enche-se de alegria.” — Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo), editado por J. Pritchard, 1974, pp. 136, 137, 142, 152.
A natureza extremamente torpe e degradada da adoração cananéia destaca a justeza de Deus executar um decreto de destruição nos habitantes daquela terra. (Le 18; De 9:3, 4) Todavia, visto que os israelitas deixaram de executar completamente esse decreto divino, foram por fim enlaçados pelas práticas degeneradas associadas com a adoração dos deuses cananeus. — Sal 106:34-43; veja também CANAÃ, CANANEU N.° 2.
Deidades da Medo-Pérsia. Há indícios de que os reis do Império Medo-Persa eram zoroastristas. Embora não se possa provar nem refutar que Ciro, o Grande, tenha aderido aos ensinamentos de Zoroastro, desde a época de Dario I as inscrições dos monarcas repetidas vezes referem-se a Auramazda (Ahura Mazda), a principal deidade do zoroastrismo. Dario I referiu-se a Auramazda como criador do céu, da terra e do homem, e considerava este deus como aquele que lhe conferira sabedoria, destreza física e o reino.
Um aspecto característico do zoroastrismo é o dualismo, isto é, a crença em dois seres divinos independentes, um bom e o outro mau. Auramazda era considerado criador de todas as coisas boas, ao passo que Angra-Mainyu era considerado o criador de tudo o que é mau. Pensava-se que este último pudesse provocar terremotos, tempestades, doença e morte, bem como instigar tumultos e a guerra. Acreditava-se que espíritos inferiores ajudavam a esses dois deuses a se desincumbirem de suas funções.
O símbolo do deus Auramazda era bem parecido à representação do assírio Assur, a saber, um círculo alado, do qual, às vezes, emergia um homem barbudo com o rabo vertical duma ave.
Auramazda talvez figurasse numa tríade. Isto é sugerido pelo fato de que Artaxerxes Mnemon invocou a proteção de Auramazda, Anaíta (deusa da água e da fertilidade) e Mitra (deus da luz), e que atribuiu a reconstrução da Sala das Colunas em Susa à graça dessas três deidades.
Diversos peritos relacionam Anaíta com a Istar babilônica. E. O. James observa no seu livro The Cult of the Mother-Goddess (O Culto da Deusa-Mãe; 1959, p. 94): “Ela era adorada como ‘a Grande Deusa cujo nome é Dama’, a ‘todo-poderosa imaculada’, purificando ‘o sêmen dos machos, e o ventre e o leite das fêmeas’. . . . Ela era, de fato, o equivalente iraniano da Anate síria, da Nana-Istar babilônica, da deusa hitita de Comana, e da Afrodite grega.”
Segundo o historiador grego Heródoto (I, 131), os persas adoravam também os elementos naturais e os corpos celestes. Ele escreve: “Quanto aos usos dos persas, sei dos seguintes. Não costumam construir e erguer estátuas, nem templos, nem altares, mas consideram insensatos os que os constroem, e isso, suponho, porque nunca acreditaram, como os gregos acreditam, terem os deuses forma humana; mas chamam todo o círculo dos céus de Zeus, e a ele oferecem sacrifícios nos picos mais altos das montanhas; fazem também sacrifícios ao sol, e à lua, e à terra, e ao fogo, e à água, e aos ventos. Estes são os únicos deuses aos quais têm oferecido sacrifícios desde o começo; aprenderam mais tarde, dos assírios e dos árabes, oferecer sacrifícios à Afrodite ‘celestial’. Ela é chamada pelos assírios de Milita, pelos árabes, de Alilat, pelos persas, de Mitra.”
O Zendavesta, escritos zoroastristas sagrados, realmente contém orações ao fogo, à água e aos planetas, bem como à luz do sol, da lua e das estrelas. O fogo até mesmo é chamado de filho de Auramazda.
Embora talvez fosse zoroastrista, o Rei Ciro foi citado por nome na profecia bíblica como o designado por Jeová para derrubar Babilônia e efetuar a soltura dos cativos judeus. (Is 44:26–45:7; compare isso com Pr 21:1.) Após a destruição de Babilônia, em 539 AEC, os israelitas passaram a estar sob o controle de zoroastristas medo-persas.
Deidades Gregas. Um exame dos deuses e das deusas da antiga Grécia revela os traços da influência babilônica. O professor George Rawlinson, da Universidade de Oxford, comentou: “A notável semelhança entre o sistema caldeu e o da Mitologia Clássica parece merecer atenção especial. Esta semelhança é geral demais, e demasiado similar em alguns aspectos, para permitir a suposição de que a coincidência foi produzida por mero acaso. Nos Panteões da Grécia e de Roma, e no da Caldéia, pode-se reconhecer o mesmo agrupamento geral; não é incomum verificar-se a mesma sucessão genealógica; e, em alguns casos, até mesmo os nomes e títulos conhecidos das deidades clássicas admitem a mais curiosa ilustração e explicação de fontes caldéias. Dificilmente podemos duvidar de que, de um modo ou de outro, houve uma comunicação de crenças — uma transmissão em tempos bem primitivos, desde as margens do golfo Pérsico até as terras banhadas pelo Mediterrâneo, de noções e de idéias mitológicas.” — The Seven Great Monarchies of the Ancient Eastern World (As Sete Grandes Monarquias do Antigo Mundo Oriental), 1885, Vol. I, pp. 71, 72.
Uma distorção da declaração de Deus a respeito da semente, ou descendente, da promessa talvez possa ser percebida nos contos mitológicos que falam de o deus Apolo matar a serpente Píton, e de o infante Hércules (filho de Zeus e de uma mulher terrena, Alcmena) esganar duas serpentes. Novamente nos confrontamos com o conhecido tema de um deus que morre e em seguida é trazido de volta à vida. Anualmente era comemorada a morte violenta de Adônis e o retorno dele à vida; eram principalmente mulheres que choravam sua morte e que conduziam imagens do seu corpo como numa procissão fúnebre, e mais tarde as atiravam no mar ou em fontes de água. Outra deidade, cuja morte violenta e retorno à vida costumavam ser celebrados pelos gregos, era Dioniso, ou Baco; ele, como Adônis, tem sido identificado com o babilônico Tamuz.
Os relatos mitológicos fazem os deuses e deusas gregos parecer bem semelhantes a homens e mulheres. Embora se imaginasse os deuses de tamanho muito maior, e como ultrapassando os homens em beleza e força, seus corpos eram retratados como corpos humanos. Visto que nas suas veias supostamente fluía “icor”, em vez de sangue, achava-se que os corpos das deidades eram incorruptíveis. Não obstante, cria-se que homens, por meio das suas armas, podiam realmente infligir feridas dolorosas aos deuses. Todavia, dizia-se que as feridas sempre saravam e que os deuses permaneciam jovens.
Na maior parte, as deidades dos gregos eram retratadas como muito imorais e tendo fraquezas humanas. Brigavam entre si, lutavam entre si, e até mesmo conspiravam umas contra as outras. Diz-se que Zeus, deus supremo dos gregos, destronou seu próprio pai, Cronos. Antes disso, o próprio Cronos depusera e até mesmo castrara seu pai Urano. Tanto Urano como Cronos são retratados como pais cruéis. Urano imediatamente escondia na terra a prole que lhe nascia de sua esposa Géia, nem permitindo que vissem a luz. Cronos, por outro lado, engoliu os filhos que lhe nasceram de Réia. Entre as práticas detestáveis atribuídas a certas deidades estão adultério, fornicação, incesto, estupro, mentira, roubalheira, embriaguez e assassinato. Aqueles que incorriam no desfavor de um deus ou deusa são retratados como punidos na maneira mais cruel. Por exemplo, o sátiro Mársias, que desafiou o deus Apolo num concurso musical, foi preso por este ao tronco duma árvore e esfolado vivo. Diz-se que a deusa Ártemis transformou o caçador Acteão num cervo e então fez com que os próprios cães dele o devorassem, porque ele havia visto a nudez dela.
Naturalmente, alguns afirmam que estas narrativas mitológicas eram apenas imaginações de poetas. Mas, sobre isto escreveu Agostinho, do quarto século EC: “Embora se diga em defesa deles que esses contos sobre os seus deuses não eram verdadeiros, mas apenas invenções poéticas, e ficções falsas, ora, isso o torna ainda mais abominável, se respeitares a pureza da tua religião: e se observares a malícia do diabo, acaso pode haver mais astúcia ou mais malícia enganosa? Pois, quando se calunia o governante honesto e digno dum país, não é a calúnia tanto mais iníqua e imperdoável, visto que a vida desta pessoa caluniada é mais clara e isenta do toque de quaisquer dessas coisas?” (The City of God [A Cidade de Deus], Livro II, cap. IX) No entanto, a popularidade das narrativas poéticas, conforme encenadas nos palcos gregos, indica que a maioria não as considerava como calúnia, mas estava em harmonia com eles. A imoralidade dos deuses servia para justificar os delitos do homem, e o povo estava a favor disso. — Veja GRÉCIA, GREGOS (Religião Grega).
O ministério do apóstolo Paulo o trouxe em contato com adoradores dos deuses gregos Zeus e Hermes. (At 14:12, 13) Os atenienses expressavam seu temor das deidades por construir muitos templos e altares. (At 17:22-29) A crassa imoralidade sexual, que fazia parte da adoração grega, até mesmo afetou a congregação cristã em Corinto, achando o apóstolo Paulo necessário censurar esta congregação. — 1Co cap. 5.
Deidades Romanas. A religião dos romanos foi grandemente influenciada pelos etruscos, um povo que em geral se pensa ter vindo da Ásia Menor. A prática da adivinhação liga definitivamente a religião dos etruscos à dos babilônios. Por exemplo, os modelos de fígados de barro usados para adivinhação, encontrados na Mesopotâmia, são parecidos ao modelo de um fígado de bronze encontrado em Piacenza, na província de Emília-Romagna, Itália. De modo que, quando os romanos adotaram as deidades etruscas, eles estavam, na realidade, recebendo uma herança babilônica.  A tríade romana de Júpiter (o deus supremo, deus do céu e da luz), Juno (a consorte de Júpiter, considerada como presidindo aos assuntos de interesse especial para as mulheres) e Minerva (deusa que presidia a todas as artes e ofícios), corresponde aos etruscos Tínia, Uni e Menrva.
Com o passar do tempo, os principais deuses gregos introduziram-se no panteão romano, embora conhecidos por outros nomes. Também, deidades de ainda outros países foram adotadas pelos romanos, incluindo a persa Mitra (cujo aniversário era celebrado em 25 de dezembro), a deusa frígia da fertilidade, Cibele, e a egípcia Ísis, as duas últimas sendo identificadas com a babilônica Istar. Também, os próprios imperadores romanos eram deificados.
Saturno era adorado por ter dado a Roma uma era áurea. As saturnais, originalmente uma festa de um dia em sua honra, foram mais tarde prolongadas para uma celebração de sete dias, na última parte de dezembro. O evento era marcado por uma grande orgia. Eram trocados presentes, tais como frutas de cera e velas, e as crianças, em especial, eram presenteadas com bonecas de barro. Durante a festividade, nenhuma punição era aplicada. As escolas e os tribunais tinham feriado; até mesmo as operações de guerra eram suspensas. Os escravos trocavam de lugar com os seus amos e lhes era permitido falar o que quisessem, sem necessidade de temerem castigo.
Os primitivos cristãos negaram-se a participar na adoração romana, especialmente na adoração do imperador, o que os tornou alvo de intensa perseguição. Não transigiam na sua posição “de obedecer a Deus como governante antes que aos homens”, negando-se a prestar aos governantes romanos a adoração que legitimamente pertencia a Deus. — At 5:29; Mr 12:17; veja ROMA (Religião).
Deuses de Nações Contrastados com Jeová. Atualmente, muitos dos deuses mencionados na Bíblia não são nada mais do que um nome. Embora seus adoradores às vezes até mesmo sacrificassem seus próprios filhos a eles, os deuses falsos eram incapazes de salvar os que recorriam a eles em busca de ajuda, em seus momentos de maior necessidade. (2Rs 17:31) Assim, por causa de seus sucessos militares, o rei da Assíria, por meio de seu porta-voz, Rabsaqué, jactou-se: “Livraram deveras os deuses das nações cada um a sua própria terra da mão do rei da Assíria? Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim, de Hena e de Iva? Livraram eles a Samaria da minha mão? Quais dentre todos os deuses dos países livraram a sua terra da minha mão, de modo que Jeová livre Jerusalém da minha mão?” (2Rs 18:28, 31-35) Mas Jeová não desapontou seu povo, como fizeram aqueles deuses falsos. Numa só noite, o anjo de Jeová matou 185.000 no acampamento dos assírios. Humilhado, o orgulhoso monarca assírio, Senaqueribe, voltou a Nínive, onde mais tarde foi assassinado por dois de seus filhos, no templo de seu deus, Nisroque. (2Rs 19:17-19, 35-37) Na verdade, “todos os deuses dos povos são deuses que nada valem; mas, quanto a Jeová, ele fez os próprios céus”. — Sal 96:5.
Os deuses falsos não só têm as características dos seus criadores, mas as pessoas também se tornam muito semelhantes aos deuses que adoram. Para ilustrar: O Rei Manassés, de Judá, era devoto de deuses falsos, mesmo a ponto de fazer seu filho passar pelo fogo. O zeloso empenho de Manassés na adoração falsa, porém, não fez dele um rei melhor. Antes, por derramar sangue inocente em quantidade muito grande, mostrou ser semelhante às deidades sedentas de sangue que adorava. (2Rs 21:1-6, 16) Em nítido contraste com isso, os adoradores do verdadeiro Deus diligenciam ser imitadores do seu Criador perfeito, exibindo os frutos do Seu espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura e autodomínio. — Ef 5:1; Gál 5:22, 23.

O CULTO A BAAL NA HUMANIDADE

O Culto a Baal nunca desapareceu do meio da humanidade


Os israelitas tiveram contato com Baal quando chegaram a Canaã, por volta do ano 1473 AEC. Descobriram que os cananeus adoravam uma multidão de deuses não muito dessemelhantes dos deuses do Egito, embora tivessem nomes e algumas características diferentes. No entanto, a Bíblia destaca Baal como o deus principal dos cananeus, e descobertas arqueológicas confirmam sua preeminência. (Juízes 2:11) Embora Baal não fosse o deus supremo do panteão deles, era o deus que mais importava aos cananeus. Acreditavam que ele tinha poder sobre a chuva, o vento e as nuvens, e que só ele podia livrar o povo — bem como seus animais e suas safras — da esterilidade e mesmo da morte. Sem a proteção de Baal, Mot, um vingativo deus cananeu, certamente lhes causaria calamidades.
A adoração de Baal vibrava com ritos sexuais. Até mesmo objetos religiosos relacionados com Baal, tais como as colunas sagradas e os postes sagrados, tinham conotações sexuais. Parece que as colunas sagradas — rochas ou pedras talhadas na forma dum símbolo fálico — representavam a Baal, a parte masculina da união sexual. Os postes sagrados, por outro lado, eram objetos de madeira ou árvores que representavam Axerá, a consorte de Baal e o elemento feminino. — 1 Reis 18:19.
A prostituição nos templos e o sacrifício de crianças eram outros aspectos de destaque da adoração de Baal. (1 Reis 14:23, 24; 2 Crônicas 28:2, 3) O livro The Bible and Archaeology (A Bíblia e a Arqueologia) diz: “Nos templos dos cananeus havia homens e mulheres prostitutas (homens e mulheres ‘sagradas’) e praticavam-se todos os tipos de excessos sexuais. [Os cananeus] criam que esses ritos, de alguma forma, faziam prosperar as safras, as manadas e os rebanhos.” Esta pelo menos era a justificativa religiosa, embora essa imoralidade, sem dúvida, agradava aos desejos carnais dos adoradores. Então, como seduzia Baal o coração dos israelitas?
Por que era tão atraente?
É possível que muitos israelitas preferissem praticar uma religião que exigisse pouco deles. Na adoração de Baal, ficavam livres da observância da Lei, tal como a do sábado e das muitas restrições de moral. (Levítico 18:2-30; Deuteronômio 5:1-3) Pode ser que a prosperidade material dos cananeus tenha convencido outros de que era preciso apaziguar Baal.
Santuários cananeus, conhecidos como altos e situados em bosques nos contrafortes de montes, devem ter constituído um cenário atraente para os ritos de fertilidade praticados ali. Não demorou muito até que os israelitas não se contentavam apenas em freqüentar os lugares sagrados dos cananeus; eles até mesmo construíram os seus próprios. “Também construíam para si altos, e colunas sagradas, e postes sagrados sobre todo morro elevado e debaixo de cada árvore frondosa.” — 1 Reis 14:23; Oséias 4:13.
Mas, acima de tudo, a adoração de Baal agradava à carne. (Gálatas 5:19-21) As práticas sensuais iam além do desejo de ter abundantes safras, e manadas e rebanhos. Glorificava-se o sexo. Isto é evidenciado pelas muitas estatuetas desenterradas, com órgãos sexuais exagerados, retratando a excitação sexual. Festanças, danças e música criavam o clima para o comportamento licencioso.
Podemos imaginar uma cena típica no começo do outono. Num belo ambiente natural, empanturrados de comida e estimulados pelo vinho, os adoradores dançavam. Sua dança de fertilidade destinava-se a despertar Baal da sua inatividade de verão, para que a terra fosse abençoada com chuva. Contornavam vez após vez as colunas fálicas e os postes sagrados. Os movimentos, especialmente das prostitutas do templo, eram eróticos e sensuais. Eram impelidos pela música e pela assistência. E é provável que, no auge da dança, os dançarinos se retirassem para as câmaras da casa de Baal, para ter relações imorais. — Números 25:1, 2; note Êxodo 32:6, 17-19; Amós 2:8.